quarta-feira, 13 de maio de 2009

A língua

A língua dentro da boca dormia
não se movia...
seus olhos papilentos
somente para o céu da boca olhavam.

Quando os olhos e as mãos
a convidaram para dançar,
sonolenta, entorpecida e voluntariosa
a língua disse:
– Imobilidade! –
agiu como em hora
que nos falta palavra crucial.

– Ah! Músculo úmido lambente,
você não é coração
que involuntariamente se faz ouvir,
és subalterna ao desejo meu!

O trabalho incansável tem início
quando olhos e mãos
encontram no corpo do anjo
estendido na cama
o caminho que conduz a um céu
infinitamente maior do que o existente
no universo onde habita a língua.

Então, nos prazeres líquidos e múltiplos
a língua experimenta o frenesi e o espasmo
o gemido e o suspiro
a dilatação da carne... contração!

E a língua jura ser escrava eterna,
aninha-se na boca
e recordando o gosto do céu
em que ainda agora esteve
palpita silenciosa como palavra-coração.

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